O incidente de Grosjean e a volta do Brasil a F1

     Nesse domingo, vimos um acidente assustador na F1. Depois de um toque com Kvyat, Grosjean foi direto pro guard-rail e o carro do francês explodiu. Um acidente que ao menos pensei que seria impossível um acidente com o carro explodindo acontecer nos tempos atuais da F1, mas ontem mostrou que estava enganado. Pelo menos, só do fato do franco-suíço ter saído andando de um carro que se partiu ao meio e virou uma bola de fogo já é impressionante.



    O incidente sem dúvidas, apesar de provar a segurança da F1, ao mostrar Grosjean sair sem ferimentos sérios do cockpit, também deixa dúvidas. Por exemplo, o fato do monoposto ter se partido ao meio, do guard-rail ter se rompido e até mesmo sobre o halo. O halo? Pois é. Sim, por mais que o próprio Grosjean reconheça que o dispositivo em formato de auréola salvou sua vida, também me levantou um questionamento. Quanto tempo a mais ele deve ter perdido para sair do cockpit por causa do aparelho? Vale lembrar que os preciosos segundos que seriam perdidos em caso de uma saída emergencial - como em um incêndio - foi uma das principais dúvidas que se tinha do halo desde quando a FIA o implementou, em 2017 e o diretor de segurança da federação chegou a dizer que isso não seria uma preocupação, porque é ''muito raro'' um F1 pegar fogo nos tempos atuais. O tempo mínimo para sair do cockpit antes da chegada do dispositivo de segurança era de 5s, hoje, esse tempo é de 7s. Parece pouco, mas é muito tempo de diferença em caso de uma emergência. 

Acidente de Grosjean lembra o sofrido por Berger na Tamburello, em 1989.
Na ocasião, o austríaco também deixou o carro com ferimentos leves.

    Tudo bem, Grosjean, por mais que tenha ficado meio minuto no meio do fogo, saiu apenas com queimaduras nas mãos e nos pés. Mas e se a viseira dele abrisse devido ao impacto da batida? Provavelmente o piloto-cozinheiro teria morrido por intoxicação de CO². Isso quer dizer que o halo não tenha salvado a vida de Grosjean? Não, sem dúvidas o halo salvou sua vida, mas ainda sim, fica aqui o questionamento. 

Acidente de Lauda em 1976: outro caso de explosão que não terminou em morte. Porém dessa vez, Lauda sofreu queimaduras graves.

   

     Sobre a escalação de Fittipaldi para substituir o Grosjean. É uma oportunidade única, principalmente porque ele não deve ter outra chance de correr na F1, já que está quase certo que uma vaga será de um piloto da Academia da Ferrari - provavelmente de Mick Schumacher - e a outra de Mazepin, que deve comprar a equipe pra ele. A não ser que o negócio com Mazepin mele e o brasileiro vá MUITO bem nessas duas últimas corridas, não devemos vê-lo no grid em 2021. Por mais que Pietro tenha a grana da Claro, não é o suficiente para desbancar os rublos da família Mazepin. Além disso, o currículo do brasileiro é bem humilde, tendo como maior conquista o título da falida Fórmula V8 3.5 de 2017. Tudo bem, muitos pilotos como Magnussen, Sainz e Ricciardo pularam direto dessa categoria para a F1, mas em uma época em que a categoria era valorizada e tinha o apoio da Renault. Já quando Pietro conquistou o título, a categoria já tinha anunciado que encerraria ao final do ano e já não contava mais com grandes nomes, sendo campeão em cima dos 'notáveis' Matevos Isaakyan e Alfonso Celis Jr.. 

    No entanto, acredito que não seja esse o maior problema na carreira de Pietro, visto que outros pilotos, como Latifi e Kvyat chegaram na F1 com um currículo praticamente inexistente, mas sim a falta de foco em sua carreira. Quando eu digo falta de foco não estou querendo dizer que ele deixava as corridas de lado para se embebedar em festas, mulheres, ou algo do gênero. Estou me referindo ao foco em uma categoria. Pietro ficou migrando por diversas categorias do automobilismo totalmente diferentes, chegando a participar em eventos na Indy, no WEC, no DTM e na F1 ao mesmo tempo, e numa dessas sofreu um acidente grave em Spa-Francorchamps pelo LMP1 e acabou perdendo um importante teste com a Haas, em 2018. Para ir de fato para a F1, o miamian naturalizado brasileiro deveria ter focado em categorias de acesso a F1, como a F2, e não migrado de categoria em categoria. 


Falta de currículo de peso e poucas vagas são empecilhos para a permanência de Pietro na F1.

    O que dá para esperar de Pietro? Muito pouco. O circuito ''oval'' do Bahrein não favorece o motor Ferrari, o brasileiro está sem ritmo de corrida e essa vai ser a primeira experiência dele em um GP completo de Fórmula 1, e em um carro difícil de guiar. Se terminar a frente de Latifi já será um grande feito.

     Sem dúvidas, será ótimo ver o Brasil de volta na F1 após 3 anos. Mas é bom não acostumarmos. Pietro não deve ficar por muito tempo, o que é uma pena para nós, brasileiros. Mas enquanto a F1 tiver apenas 20 carros no grid, dificilmente veremos algum brasileiro ter uma chance na categoria máxima do automobilismo nos próximos anos.

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