A vez de Verstappen?



Max Verstappen venceu a terceira consecutiva e lidera com uma certa folga o Mundial de Pilotos. Se nas primeiras corridas do ano a expectativa era que seria um campeonato pau a pau entre Hamilton e Verstappen, agora parece cada vez mais que o holandês está com o título encaminhado. O RB16b parece ser infinitamente superior ao W12, e se o atual heptacampeão quiser ultrapassar Michael Schumacher no número de títulos ainda nesse ano, terá que contar com sua tradicional sorte de campeão. 

Não dá para subestimar a sorte de Lewis Hamilton. Quem assistiu corrida nos últimos 5 anos se acostumou a ver vitórias de Lewis baseadas em uma cagada imensa. Seja uma estratégia salvadora da Mercedes, um safety-car milagroso, falha mecânica do líder, pneu furado, batida, chuva repentina, punições duvidosas... A sorte sempre estava lá para fazer com que a vitória caísse no colo do britânico, a ponto de se eu fizesse uma lista de todas as vezes que Lewis foi salvo pela sua sorte só terminaria na sexta. Hamilton é a prova viva de que raios podem sim cair duas vezes no mesmo lugar, então não deve ser descartado até que Max Verstappen garanta o título.

Só nesse ano já foram três vezes. A primeira logo na abertura do campeonato, quando contou a estratégia de uma parada e com o erro de Verstappen para vencer no Bahrein. Em Imola, cometeu um erro que teria lhe jogado para a última posição, mas lá estava sua sorte de novo, causando uma bandeira vermelha que lhe permitiu recuperar as posições perdidas e terminar em segundo. O último golpe de sorte que teve foi no Azerbaijão, quando há três voltas do fim Max perdeu uma corrida ganha graças ao estouro de seu pneu. Ainda que tenha errado na relargada e jogado 25 pontos no lixo, Hamilton saiu no lucro, afinal, não fosse o acidente de Verstappen, o holandês abriria mais 10 pontos de vantagem em relação ao britânico. 

Sorte de Hamilton ataca mais uma vez: apesar da liderança, pontos perdidos no Azerbaijão e no Bahrein pode fazer falta no final do campeonato para Verstappen



Com a chance única de derrotar a Mercedes, a Red Bull começa atrasada em relação à concorrência para 2022 para apostar todas suas fichas em 2021. Ferrari, McLaren e Aston Martin já deixaram claro que encerrarão logo o desenvolvimento de seus carros desse ano, focando apenas para o ano que vem. Toto Wolff também avisou que em breve deve encerrar o desenvolvimento do W12, mas isso vai depender da situação de Hamilton no campeonato. Se Verstappen seguir dominando de forma absoluta até a segunda metade do campeonato, não fará sentido para a Mercedes seguir lançando atualizações para um campeonato perdido. Mas se o heptacampeão se recuperar e chegar na parte final dessa temporada com chances reais de título, os planos de Brackley para 2022 podem ser adiados. Ninguém sabe se James Allison construirá um carro bom para o próximo ano, e dependendo das circunstâncias, esta pode ser a última vez em que Hamilton terá um carro dominante para superar Schumacher no número de títulos, considerando que o novo regulamento prevê uma padronização maior de peças, teto orçamentário mais rígido, limites de uso do túnel de vento e outras restrições, tudo para frear possíveis hegemonias como a da Mercedes no futuro. Logo, Lewis obviamente tentará (já está tentando, na verdade) convencer Wolff a continuar com o desenvolvimento para o carro desse ano.

Christian Horner & Cia não sabem se terão no futuro outra oportunidade de ser campeão igual a essa, então preferem garantir o presente do que fazer apostas no escuro para o futuro. E não estão errados. Em 2008 a BMW Sauber fez um ótimo carro, foi presença constante no pelotão da frente com Ferrari e McLaren, venceu corrida e chegou a liderar parte do campeonato. No entanto, em julho a BMW decidiu interromper o desenvolvimento do F1.08 para focar em 2009, quando teria uma profunda mudança no chassi dos carros. A decisão irritou profundamente Robert Kubica, afinal, a BMW tinha carro para brigar pelo título naquele ano. No fim, acabaram ficando com nenhum dos dois: a BMW Sauber ficou longe de Ferrari e McLaren na segunda metade de 2008 e o F1.09 da montadora alemã era uma merda.


Após perder chance única de brigar pelo título em 2008 para focar em 2009, BMW decidiu deixar a F1 pouco depois alegando ''razões ecológicas''.



Ainda não chegamos nem na metade da temporada, e a diferença entre Verstappen e Hamilton é de 32 pontos. Parece muito, mas pense: caso Hamilton vença em Silverstone e em Hungaroring, e Verstappen abandone uma e termine a outra em 2°, estará tudo empatado novamente. Considerando que vimos no último Brasileirão um tal de São Paulo chegar a uma liderança isolada de 7 pontos até as últimas rodadas, até perder tudo em apenas 3 partidas, nada é impossível. 

Ainda temos 13 corridas pela frente, então a Mercedes ainda não é carta fora do baralho. Até o momento, está tudo nos trilhos para vermos Max Verstappen campeão mundial, só nos resta agora torcer para não baixar um efeito cavalo paraguaio (ou efeito SPFC de 2020) na Red Bull-Honda e para a maldita síndrome de sorte de Hamilton/Mercedes parar de atacar o fã de automobilismo.

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