Mazepin já não merecia vaga na F1. Agora muito menos.

          Hoje acordamos com uma notícia não muito agradável com um piloto que (infelizmente) estará no grid no ano que vem. Pelo que eu me lembre, nunca vi algo do gênero relacionado à pilotos de Fórmula 1. Já vi com jogadores de futebol, atores, jornalistas e até comediantes, como pode visto no caso recente do Marcius Melhem, mas não com pilotos de F1. A maioria é bem reservada e não são de ficar expondo sua vida pessoal nas redes sociais, se envolvendo pouco em polêmicas. O único que tinha mais essa característica era o Hamilton, mas também reduziu muito sua exposição na mídia nos últimos anos. Bom, ontem, Mazepin expôs para todos seu verdadeiro caráter. 


Com fortuna estimada em US$ 7 bilhões, pai de Nikita Mazepin já tentou comprar Force India, Renault, Haas e Sauber.



        Acredito que o último escândalo sério envolvendo um piloto na Fórmula 1 tenha sido o de Adrian Sutil em 2011, quando, em uma festa após o GP da China do mesmo ano, discutiu e jogou uma taça quebrada em cima de um dos proprietários da então Lotus Renault, o que rendeu 24 pontos no pescoço ao executivo e uma prisão de 18 meses para Adrian, que ainda perdeu sua vaga na Force India depois da divulgação da sentença. Esse caso eu não vi, então não posso falar, porém no caso de Nikita Mazepin, acho que todos viram, e fica claro o assédio. ''Ah mas eu não vi nenhum assédio, era só uma brincadeira, maldita geração mimimi feminazi''. Não? Substitua então essa mulher do vídeo com a sua mãe/irmã/namorada/esposa e vamos ver se você ainda achará a brincadeira 'saudável'. A própria reação da moça escancara o constrangimento que já está estampado na cara dela. Sim, é um caso grave, mas que infelizmente não dará em nada. A Haas, apesar de ter condenado a postura do russo (o que já é um começo, visto que se fosse um Verstappen o autor do ato já estaria aparecendo o Christian Horner defendê-lo dizendo que é apenas um ''menino'') não irá romper seu contrato ou algo do tipo, até porque não se joga US$ 40 milhões fora, principalmente em tempos de crise econômica. A única alternativa seria torcer para a Liberty, em conjunto com a FIA, cassar sua superlicença, mas ninguém nunca teve sua superlicença cassada por motivos extra-pista e isso é extremamente improvável, mas ainda sim, se a FIA quiser ela pode. 

        Quando escrevi este texto sobre pilotos pagantes, comparei a forma como os três filhos de bilionários Nicholas Latifi, Lance Stroll e Nikita Mazepin, que ainda não estava na F1 à época, administraram suas carreiras. O primeiro foi como um piloto pagante genérico, colheu resultados pífios nas categorias de base, mas ainda sim, foi queimando etapas e etapas até chegar na F2 em 2014 com apenas 19 anos e precisou de incríveis 6 temporadas preso na F2 até finalmente conseguir os pontos da superlicença. Já Lance Stroll ganhou categorias de base, mas em um termo meio fantasioso, com regalias exclusivas (algumas até ilegais, como a suspensão desenvolvida pela Williams que lhe rendeu uma suspensão). E Mazepin? Foi uma mistura dos dois. De início, foi da mesma forma que a maioria dos pilotos pagantes: resultados lamentáveis, mas pulando de categoria em categoria, queimando etapas atrás de etapas. Porém, depois que Lance Stroll chegou a F1, seu pai, o bilionário Dmitry Mazepin resolveu se inspirar no canadense e passou a administrar melhor a carreira de seu filho. Ao chegar a F2 com apenas 19 anos, Dmitry percebeu que seria burrada esperar anos e anos até Nikita conseguir chegar em uma posição que garantisse a superlicença e o colocou em categorias menores, mas que rendiam pontos para a superlicença, como a F3 Asiática, em paralelo com a F2. 

        Mazepin sempre foi mau-caráter, dentro e fora da pista. O que aconteceu com Drugovich e Zhou nessas duas últimas corridas não são novidade. Na Bélgica, o russo fez o mesmo com Tsunoda, empurrando-o para fora dos limites da pista três vezes na disputa pela liderança. Foi punido, perdeu a vitória, fez uma birra igual uma criança mimada que não aceita ouvir um 'não' e boicotou a cerimônia do pódio. Isso que ele já disse abertamente que toda essa postura masoquista dentro da pista é feita conscientemente.

        Fora da pista, Nikita têm atitudes ainda mais desprezíveis. Já normalizou o racismo ao dizer que ''A vida é assim'', quando uma seguidora relatou em uma live ataques de cunho racista por parte de seus fãs, já ameaçou divulgar um suposto segredo sobre a sexualidade de Russell nas redes sociais, em meio aos rumores de que o britânico teria seu contrato com a Williams rompido para a chegada de um piloto com mais dinheiro, como o próprio Nikita ou Pérez, e o mais recente, o ''parabéns'' pelo aniversário da Covid.

        Voltando ao escândalo do assédio. O mínimo que os pilotos podem fazer seria ao menos se pronunciarem, mas muitos têm medo, claro, o pai dele é um bilionário, assim como Lawrence Stroll, e deve investir pesado na Haas. Vai que no futuro, quem sabe, se torne uma equipe grande? Um piloto nunca pode fechar as portas para uma equipe. Se Vettel tivesse criticado Stroll no passado por qualquer coisa, seria pouco provável que este estaria na Aston Martin para o ano que vem. Mas ainda sim, acho que seria coerente alguém como o Hamilton dizer pelo menos alguma coisa.

        Por enquanto é isso. Infelizmente, não acredito que dê em algo. Apesar da Haas dizer que analisará o caso e tomará as medidas necessárias, é bem improvável que não vejamos Nikita Mazepin no grid no ano que vem, o que é uma pena. 

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