Qual a expectativa para cada equipe nessa volta da F1?

 Provavelmente sou a única pessoa a criar um blog em pleno 2020, já que não estamos mais em 2010. Seja qual for o motivo pelo qual você está a ver esse post, sinta-se bem vindo. Prometo postar aqui com certa regularidade, mesmo que ninguém esteja lendo, comentar sobre esse decadente e ultrapassado esporte a motor que muito provavelmente será enterrado quando os carros autônomos chegarem de vez ao mercado é um dos meus hobbies favoritos. E acho que não há uma forma mais clichê de inaugurar este blog do que fazer uma análise sobre essa conturbada temporada que começa nesse domingo em Spielberg.

 Teoricamente estaríamos agora nos encaminhando para a 11ª etapa, na Áustria, mas a crise sanitária gerada pela Covid-19 mandou tudo pro espaço, e transformou a pré-temporada e a silly season em uma coisa só. E antes mesmo da temporada se iniciar já tivemos movimentações no mercado e certos pilotos caindo fora de projetos que parecem não ter futuro algum.
 Vamos analisar a situação de cada equipe e suas expectativas para essa temporada:

  • Mercedes AMG
 É a franco-favorita, como vem sendo desde 2014. Ainda mais agora que inauguraram o tal do DAS, um dispositivo que parece dar mais aderência nas curvas e obviamente por ter Lewis Hamilton. Nunca fui fã dessa equipe e sempre fico puto quando vejo a equipe ganhar alguma corrida devido ao estrategista fi da égua que sempre salva uma corrida que tem tudo pra dar errado no fim, ou porque a Ferrari fez alguma cagada ou alguma coisa do destino fez com que a vitória caísse no colo da Mercedes, mas admito que vai ser difícil torcer contra eles com essa pintura magnifica que anunciaram recentemente (pra mim melhor até que a JPS Lotus).
Mercedes passa a ter carro pintado de preto na F1 para marcar ...
Sem dúvidas, um dos carros mais bonitos da história.  

  Ainda com Hamilton e Toto Wolff, além do submisso Bottas - que todo ano garante ter a fórmula para bater o Hamilton - a equipe só perde o campeonato se Verstappen fazer milagre, ou se a equipe sofrer com o azar (algo que não vem acontecendo nos últimos anos, visto que ganhar corrida com algum safety-car milagroso é a especialidade de Hamilton). 

  • Red Bull

 A grande promessa do ano. A equipe que todos ficarão de olho. Será que Verstappen finalmente terá um carro capaz de brigar pelo título? Aonde? Como?
 Helmut Marko já vinha dizendo que o RB16 será o melhor modelo já construído pela equipe taurina em anos. O carro realmente parece interessante, com algumas inovações como o bico fino, estilo o da Mercedes, e a Honda vem trazendo novas atualizações no motor e garante ter um motor quase tão eficiente quanto o Mercedes. Nos testes em Catalunha, pareciam estar escondendo alguma coisa: nem Verstappen, nem Albon pareciam estar dando o máximo do carro. Deve ser a maior pedra no sapato para Wolff & cia neste ano.
Novos carros da F1 2020 – Red Bull RB16 – World of Motorsport
Adrian Newey parece ter ousado no modelo para esse ano.
Chamamos Max Verstappen pra testar o game F-1 2017
Verstappen se mostrou bem mais maduro para liderar
a equipe após a saída de Ricciardo em 2018
 Agora, resta ver se a equipe não vai desperdiçar resultados bobos em circuitos que lhe favorecem por erros na estratégia ou quebras. Além disso, terá que contar com uma ''mãozinha'' de Bottas e torcer para o finlandês tirar uma ou outra vitória de Hamilton em corridas que a Mercedes costuma ser forte. E torcer para Verstappen não sucumbir a pressão à la Vettel. 
 Sinceramente, acho que nosso holandês favorito está pronto para bater de frente com Hamilton: se mostrou muito mais consistente, maduro e veloz em relação a 2018. Parece finalmente ser um piloto completo. Mas, por ser seu primeiro ano em que (talvez) terá alguma chance de brigar pelo título, não vai ser nenhuma surpresa se ele cometer uma besteira ou outra. Albon pode esquecer. O carro foi feito para o Verstappen, e sua função será unicamente ser o escudeiro do holandês, igual Kovalainen em 2008, Massa em 2010, e assim por diante. É uma pena, porque também é um piloto arrojado, mas obviamente a equipe vai favorecer seu protegido.

  • Ferrari
 Talvez a maior decepção do ano. Parece que nem os engenheiros, nem os pilotos acreditam no SF1000, e o motor Ferrari não se mostrou tão potente quanto no ano anterior, possivelmente resultado do ultra-secreto acordo com a FIA a respeito da ultra-secreta potência absurda que o motor tinha nas retas. 
ANÁLISE: O que esperar de Carlos Sainz na Ferrari em 2021?
Sainz e Leclerc: vai dar ruim
 Vettel, depois de tomar chumbo do novato Leclerc em 2019 resolveu repetir a história de 2014 quando também levou chumbo do também novato Ricciardo e saiu correndo da Red Bull para os braços da Ferrari. Nesse ano, recebeu uma proposta ridícula de renovação e vendo que todas as atenções estavam para o jovem monegasco, vazou. Falam que ele tenta negociar com a Mercedes. Difícil. A mídia italiana especula que ele estaria negociando com a futura Aston Martin, mas e o filhinho do dono? Para onde vai?
  Já Leclerc acabou de assinar um contrato milionário de vários anos com a Scuderia e obviamente será o piloto n°1. Seu companheiro para o ano que vem será Carlos Sainz, e olha, acho que vai dar ruim. Ele se dá bem com o Norris, seu companheiro na McLaren, mas não se deu bem com Verstappen e Kvyat na Toro Rosso. E agora dividindo a equipe com um moleque mimado... Sei não, estou com um mal pressentimento. 

  • Racing Point
 Eu até hoje não consigo superar que a Force India virou uma equipe de um bilionário canadense que ainda insiste na carreira de seu filhinho que de talento não tem nada. Era fã do Vijay Mallya e seus calotes bilionários no governo indiano. Ainda mudaram o nome da equipe pra esse nome de academia meia-boca. Mas pelo menos manteram o rosa que eu tanto amo, apesar de esse ser provavelmente o último carro rosa da equipe, pois a equipe vai virar Aston Martin em 2021. 

Mercedes cor-de-rosa – Julianne Cerasoli
Quem nunca ouviu na escola ''Pode copiar, só não copia igual''?
 E o carro? O carro é uma cópia da Mercedes de 2019. Só. Deve se consolidar como a quarta força do grid e pode até chegar a incomodar a Ferrari no início do ano, mas deve perder o fôlego na reta final, já que o carro deve ter somente uma atualização ao longo do ano. De resto é isso, Pérez irá carregar a equipe nas costas e talvez conquistar um pódio ou outro, já o glorioso Lance Stroll vai depender de corridas malucas estilo Azerbaijão 2017 e Hockenheim 2019 para conseguir um resultado expressivo.

  • McLaren
F1 - Canadian Grand Prix Practice - Vodafone McLaren Mercedes ...
Saudades dessa McLaren.
 Com os motores Mercedes e Ricciardo chegando chegando só em 2021, o time de Woking deve ter mais um ano não muito diferente dos anos anteriores. Sendo bem sincero, não acho que virão tão fortes quanto em 2019, ainda mais com essa Mercedes rosa, a Renault que parece ter um carro promissor e AlphaTauri. Mas posso estar falando bobagem. Acredito que só voltarão a brigar por vitórias mesmo em 2022, com a mudança de regulamento. Apesar disso, a equipe vem evoluindo ano após ano, mas não terá a mesma folga na liderança da 'F1 B' como teve no ano passado.
 Sobre a dupla de pilotos, não há muito a comentar. Jovem, porém consistente. A McLaren fez bem ao se livrar do negativo Fernando Alonso em 2018. Sobre a parceria com a Mercedes: meu sonho seria ver uma McLaren cromada com o patrocínio da Vodafone, no estilo 2007-2013, mas sei que é impossível e que o laranja veio pra ficar.

  • Renault
 Eu sinceramente não entendo o que eles ainda estão fazendo aqui. Depois de tomar tantos reveses, como o carro ruim de 2019, a perda da McLaren como equipe-cliente e a saída de Ricciardo, parece que nem mesmo os dirigentes da equipe parecem acreditar no projeto, mas eles já anunciaram que ficam no ano que vem. Eu to sentindo que eles serão um repeteco da Toyota na F1: vão investir uma nota, até verem que não vai dar em nada e saírem pelas portas dos fundos sem nunca ter conquistado um pódio sequer. O carro segue a nova tendência dos bicos-finos e parece promissor, mas não dá pra acreditar muito em uma equipe comandada por Cyril Abiteboul. Enquanto não despacharem esse cara, a equipe seguirá fadada ao fracasso. Tem tanta gente boa no mercado para comandar a equipe, Paddy Lowe, Martin Whitmarsh e até mesmo o polêmico Flavio Briatore.
  
Abiteboul: Renault 'pode pagar' para pagar Ricciardo | F1-Fansite.com
Ricciardo cansou da arrogância e pessimismo de Abiteboul
  Engraçado ver Abiteboul reclamando de ''falta de comprometimento'' após a saída de Ricciardo. Logo a Renault, que desde sua volta em 2016, não conseguiu manter a mesma dupla de pilotos por mais de uma temporada. Ricciardo se cansou do clima negativo dentro da equipe e caiu fora, e Ocon só está lá porque se não estivesse estaria desempregado (ou correndo na Formula E). O Ricciardo por sinal já parece ter desistido do seu sonho de ser campeão mundial, pois apesar da McLaren vir com motores Mercedes para 2021, dificilmente irá bater de frente com a equipe-mãe. Resta saber quem irá substitui-lo. Alonso? Bem que ele quer, mas não vejo nenhum motivo pra Renault contratá-lo, já que ele já está a beira dos 40. Bottas? É o nome mais lógico, mas só se a Mercedes contratar Russell. Gasly? Não, ele é muito ruim. Algum nome da base? Talvez, a Renault já disse ter interesse em colocar algum piloto de sua base para afastar a fama de ''formadora de jovens pilotos para outras equipes''. Parece que fizeram uma proposta para Vettel, mas ele recusou. Trazer o Hülkenberg de volta também seria uma boa opção, ele foi bem injustiçado em 2019 ao ser dispensado pela própria equipe que o contratou para ''liderar o projeto''.

  • AlphaTauri
 Toro Rosso rebatizada, a nova pintura não é ruim, mas sentirei falta daquela linda pintura de 2017-19. O carro, assim como o da Racing Point, é uma cópia do modelo da Red Bull e deve incomodar McLaren e Renault, além da própria Mercedes Rosa na disputa pela liderança da ''F1 B''. A equipe segue com Gasly e Kvyat, os dois infelizes que já tiveram chance na equipe principal e foram dispensados por só fazerem merda. Com a falta de um piloto no Red Bull Junior Team pronto para a F1, esses dois devem ficar até o final do ano. Mas pelo menos agora, já que o Sérgio Sette Câmara tem a superlicença, pode ser uma chance pra ele. Se nenhum dos outros nomes do Red Bull Junior Team convencerem nas categorias de base (Yuki Tsunoda, Jüri Vips, Dennis Hauger), pode ser sua chance em 2021. Gasly só será mandado embora se fazer tanta merda como na Red Bull na primeira metade do ano passado. Já Kvyat é mais um tapa-buraco e não vejo motivos para ser mantido em uma equipe para jovens pilotos. 


  • Alfa Romeo

Mick Schumacher: talento ou sobrenome?
  Dizem que podem voltar a ser Sauber no ano que vem, se a Alfa Romeo não renovar o patrocínio com a equipe, que expira no final desse ano. Desde a entrada da Alfa Romeo, a equipe tem o mesmo problema de sempre: começa o ano forte e muitas vezes liderando o pelotão intermediário, porém perde o fôlego na segunda metade e termina mal na tabela. Kimi Räikkönen também deu uma ajudada e foi bem mal na segunda metade. E também tem Antonio Giovinazzi, mestre em destruir carros. Com Robert Shwartzman e Mick Schumacher, dois pilotos da Academia da Ferrari e campeões da F3 de 2018 e 2019, agora na Fórmula 2 possivelmente pode ser o último ano de ambos na F1. Räikkönen deve se aposentar, e Giovinazzi ir preparar pizza em Roma. A não ser que um dos novatos na F2 vá mal. Eu vejo futuro no Robertão, acho ele talentoso, agora o Mick, meu deus, é mais um Bruno Senna, só tá la por causa do sobrenome. Ok, to pegando pesado, mas em nenhum momento ele impressionou ninguém. Em sua 1ª temporada na F4 Adac terminou em 10°, e foi vice na 2ª. Depois foi pra F3 e ficou em 12°, ficou para o ano seguinte e ganhou no sufoco em cima de Dan Ticktum, que ainda acusou o filho do heptacampeão de favorecimento. No ano passado, já na F2, fez uma fraquíssima temporada na poderosa Prema, agora vai para sua segunda temporada na F2 pela mesma equipe. Não é nenhum cara que já chega chegando, mas vamos  ver.

  • Haas
 A equipe com a melhor e mais consistente dupla do grid chega com mais problemas ainda para 2020. Parece que não conseguiram solucionar os problemas crônicos de desgaste de pneus e freios e agora, com a Williams apresentando uma melhora ao ano anterior, tem tudo pra ficar na lanterninha nesse ano. Gene Haas já avisou que se a equipe não melhorar o desempenho nesse ano vai acabar com o sonho americano. É uma pena, porque a poucos anos atrás a equipe era vista como 'modelo' para equipes novatas e chegou inclusive a ser a quarta força do grid em 2018 (só perdeu para a Renault porque o Grosjean é o Grosjean). No ano passado a parceria bizarra com a Rich Energy, dois pilotos completamente descontrolados e um chefe de equipe mais esquentado que tudo, a equipe manchou completamente sua imagem. Pra esse ano, a equipe repete a fórmula do sucesso de 2019 e vem com quase tudo igual, exceto a companhia-fantasma de energéticos.
Haas being 'more careful' with sponsor deals post-Rich Energy ...
Magnussen, Grosjean, Steiner e Rich Energy: a fórmula para o sucesso.

 Tem um pequeno porém: o carro de 2019 até que era veloz em circuitos de alta velocidade, especialmente pelo motor Ferrari, e constantemente víamos Magnussen indo pro Q3. O problema estava no ritmo de corrida, que os dois carros pareciam carros com problema. Mas nesse ano, depois da descobrirem sobre a ilegalidade do motor da Ferrari, a equipe italiana dessa vez veio com um motor fraquinho, bem mais lento que o Mercedes e o Honda. Então, a equipe deve ficar mais pra trás ainda. 

  • Williams
F1 2020: Williams revela carro e luta para deixar fim do pelotão ...
O horroroso carro-Colgate da Williams
 Por fim chegamos a ela, a gigante adormecida, o Milan da Fórmula 1. Depois do fiasco de 2019, onde foi a lanterninha absoluta naquele carro bonito, porém horroroso de performance, a Williams bem que mostrou uma evolução: conseguiu fazer com que o carro ficasse pronto antes do início da pré-temporada. E pelo menos anda. A primeira pintura era feia? Era. Parecia um tubo da Colgate? Parecia. Mas pelo menos andou. E andou até melhor que a Haas inclusive. O problema é a grana: a equipe busca um investidor para poder dar uma salvada e encerrou o patrocínio com a Colgate ROKiT, uma fabricante de smartphones chinesas que, assim como a Rich Energy, é meio obscura. Parece que não é só no modelo de negócios que a ROKiT se inspirou na Rich Energy: a equipe já vinha dando uns calotes na Williams e estava devendo 15 milhões de Libras a equipe de Grove. Apresentaram uma nova pintura, bem menos feia, por sinal.

  A equipe mantém o talentoso George Russell e o Nicholas Latifi, que mesmo com seu pai dando todas as oportunidades para o iraniano do Canadá, ainda sim precisou de 6 temporadas pra conseguir um vice-campeonato na Fórmula 2. Seu pai por sinal tem uma grande inspiração em Lawrence Stroll, seu compatriota e gosta de por dinheiro nas equipes: fez dois empréstimos milionários a Williams e McLaren. Assim como Lance, seu pai é um bilionário, a diferença é o pai de Lance pulou uma cacetada de etapas e fez com que seu filhinho estreasse na F1 com apenas 18 anos. Já Nicholas estreia com já avançados 25 anos. Ainda sim, dois canadenses filhinhos de papai e sem talento algum, mas cheios de grana. 

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