As belezas do fundão

   Enzo Ferrari sempre dizia ''Carro bonito é carro que ganha corrida''. Bom, essa frase não está errada. Não está errado, mas uma pintura bonita é a principal forma de fazer um carro que é uma desgraça em desempenho ficar para sempre na memória dos fãs, as vezes mais até que um carro que ganhava corridas. E é isso que veremos hoje. Escolhi algumas das mais lindas pinturas que já passaram da F1, mas que a beleza nunca foi igual ao desempenho.

•   Caterham 2014

Feia de frente, mas linda pela lateral

  Essa é uma escolha polêmica, pois ao mesmo tempo que o CT-05 é um dos carros mais bonitos que já passaram pela categoria, também é um dos mais feios. Tudo por causa daquele bico horroroso, resultado das mudanças no regulamento que proibiu os lindos bicos de tubarão. Mas analisando unicamente a pintura, acho que é algo que ninguém tem o direito de não gostar desse carro. Desde sua chegada a F1, na invasão das nanicas em 2010, a Lotus/Caterham nunca fez um carro feio. Mas essa foi a melhor de todas. Uma pena que esse marcou o último ano daquela que era a minha equipe favorita, que nunca conseguiu pontuar.

Minardi 2005 PS05

Pantera negra

  Acho que nenhuma lista de pinturas memoráveis pode ficar sem a Minardi. Mesmo sempre ficando no final do grid, a Minardi resistiu na F1 por 21 anos e é aquele time que é amado por todos. Até mesmo aquele babaca que fala que nanicas não deveriam estar na F1 sente falta da Minardi. Uma pena que esse foi o último carro dos italianos, que foi adquirida pela Red Bull e se tornou Toro Rosso no ano que vem.

• Spyker 2007

  O F8-VII tinha o pior nome de chassi da história (onde já se viu colocar números romanos como nome de um carro?), a Spyker, que fez uma única temporada completa na F1, era uma montadora de carros de luxo holandesa e também estava ligada com aviação. Sempre amei fabricantes de carros de luxo independentes na F1. Mas infelizmente a Spyker foi vendida no final do ano para Vijay Mallya, virando a Force India e não foi uma equipe muito memorável, a não ser por seu belíssimo laranja, que não era visto na F1 desde a saída da Arrows em 2003.

• MF1 Racing

  Com a falência da Jordan em 2004, um obscuro grupo de investimento russo adquiriu os amarelões em 2005. Em 2006, renomearam a tradicional equipe para Midland F1, ou MF1. No entanto, a equipe teve uma curta passagem, ficando menos de uma temporada na categoria, sendo vendida para a Spyker (a mesma citada acima) ainda em 2006. 

• Virgin Racing 2010

  A Virgin foi uma das maiores decepções da década. Comprada pelo bilionário Richard Branson, dono da Virgin Group, que tem linha aérea (Virgin Air), gravadora (Virgin Records) e até turismo espacial (Virgin Galactic). A promessa era ser uma equipe cool como a Red Bull. A equipe dava festas, fazia eventos e tinha dois pilotos carismáticos. Mas como Branson não queria gastar muito na brincadeira, a equipe se arrastou no fundo do grid até o ricaço desistir da ideia. Pra piorar, a equipe foi a primeira a desenvolver o carro através de computação gráfica, apenas, sem túnel de vento. Hoje, algumas equipes até usam a computação gráfica para desenvolver certas partes, mas não o carro todo. Não deu certo e ficou em última em seus dois anos na F1. Uma pena, pois se Branson tivesse sido menos cabeça dura, poderia ter conseguido resultados.

• Pacific GP

  Equipe de sucesso nas categorias de base, a Pacific chegou a F1 em 1994. Mas terminou em última no mundial de construtores. Pelo menos tinha uma bólido bonito que mesclava prata com azul e rosa. No ano seguinte, se fundiu com a tradicional Team Lotus, e encerrou suas atividades no mesmo ano.

• Minardi 1992

  O M191B era uma evolução do modelo anterior, e conseguiu dois quartos lugares com a primeira versão do chassi, de 1991. Porém em 92 usando motores Lamborghini ao invés dos V12 da Ferrari, não teve o mesmo sucesso e marcou apenas um ponto, marcado por Christian Fittipaldi. Até hoje me pergunto porque a Renault não tem uma pintura igual.

• Andrea Moda Formula 1992

  Todos conhecem a bizarra história da Andrea Moda. Chefiada por Andrea Sassetti, dono de uma marca de calçados italiana, a equipe é conhecida por ser uma das piores que já passaram pela F1. Desde as birras de Sassetti, as sabotagens a seu próprio piloto Perry McCarthy, a incrível classificação de Roberto Moreno em Mônaco e a prisão de seu dono na frente de todos no paddock de Spa-Framcorchamps por sonegação fiscais que resultou em seu banimento da F1. Além dessa bela história, a Andrea Moda também nos deixou como legado seu carro totalmente negro. Uma pena que não andava.

  Eu sei que está faltando a Manor de 2016, a Mastercard Lola, Life, Brabham 92 e outras, mas deixarei isso para uma parte 2. Por enquanto é só. Fui.