Temporada de F2 de Mick Schumacher é puro teatro - ele vai chegar lá.

   A Fórmula 2 tem um novo líder. Em meio a uma briga intensa entre Ilott e Shwartzman - que também são pilotos da Ferrari Driver Academy - Mick era meio que um azarão na disputa, mas com a vitória na Itália e a liderança em Mugello, o alemão se isolou na ponta. Embora não tenha nada de brilhante ou que impressione os outros, se mostrou extremamente consistente. E só.

  Independentemente da liderança ou não, todos sabem que um dia ele chegará lá. Binotto já disse há algumas semanas estar interessado em promovê-lo a F1, quando Ilott e Shwartzman brigavam pau a pau pela liderança, e Mick estava apenas em uma modesta quinta posição. Óbvio que a decisão é puramente política: ver novamente o nome Schumacher na F1. A maioria de seus fãs eram fãs do seu pai e o querem na F1 unicamente para matar a nostalgia e ver o sobrenome do heptacampeão novamente na categoria máxima do automobilismo e de preferência pela Ferrari, academia da qual faz parte. Assim fica fácil ganhar a simpatia do povo, da mídia e dos patrocinadores. Mas e os outros dois pilotos também da Ferrari na F2 que estão no páreo?

GALERIA: Veja semelhanças entre Michael e Mick Schumacher no Bahrein
O verdadeiro motivo para Mick estar em vantagem na disputa pela vaga na F1.

  Schumacher-filho está em sua segunda temporada na F2 e seu primeiro ano foi bem apagado, mas todo mundo entendeu, porque deve ser difícil se adaptar a uma categoria tão concorrida. Enquanto isso, Ilott e Shwartzman brigavam pau a pau pelo título da categoria, e o segundo, por sinal, está em seu primeiro ano na categoria e acabou de ser campeão da F3, título que Mick também conquistou em 2018, mas não com o mesmo domínio que o russo, e sim na última etapa em cima de Ticktum - que ainda chorou e acusou o alemão de roubo - mas como todos nós sabemos que Ticktum sofre de sérios problemas psicológicos, não diz nada. Já Ilott sempre se mostrou extremamente competente e nunca teve poder político ou altas quantias de dinheiro por trás, mas algo me diz que é mais possível vermos Callum na Formula E do que na F1, sei lá, é aquele tipo de piloto que Agag gostaria de ter em sua categoria. É aquele típico patinho feio sem rios de dinheiro, família aristocrata ou algo do gênero que mesmo talentoso, não consegue um espaço na categoria principal, estilo Rigon, Valsecchi, De Vries, Aitken, Jani, entre outros. 

  Agora, estamos nesse papinho de Mick Schumacher, quem mais nos vem na cabeça com uma história semelhante? Isso mesmo, Bruno Senna. 

  Após a morte de Ayrton, Bruno deu uma longa pausa em sua carreira, o que para um jovem piloto que busca chegar a F1, é uma péssima decisão. Depois de alguns anos decidiu voltar a correr, mas já estava velho, então pulou diversas etapas essenciais na formação de um piloto, mas tinha um porém: carregava consigo um caminhão de patrocinadores, como MRV, Head & Sholders, Gilette, Embratel, Cruzeiro do Sul, OGX e ainda tinha excelentes contatos, o que fez com que Bruno caísse de paraquedas nas melhores equipes das categorias de base, mesmo tendo retomado sua carreira há apenas 6 meses e colhendo poucos resultados, e enquanto isso, outros brasileiros promissores sem o sobrenome Senna ficavam para trás. Por muito pouco não correu na Honda em 2009, estreou na F1 já velho, com 26 anos e ainda sim não fez feio, mostrando uma ótima consistência como em 2012, quando pontuou em metade das corridas a bordo da Williams. Mas todos sabiam bem o real motivo de sua estadia na F1.

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Um Senna pilotando uma Lotus preta e dourada. Quer algo mais místico que isso?

  A verdade é que está todo mundo cagando para Mick. O que importa é o sobrenome. Foi assim que surgiram todas as oportunidades em sua carreira. Mas imagine para um jovem piloto com talento, mas sem sobrenome, contatos e patrocinadores ver um piloto escalar categorias nas melhores equipes e ter os melhores patrocinadores por um fator extra-campo. Um pouco chato né?

   Todos sabemos que isso é algo comum e acontece direto nas categorias de base, vários pilotos que chegaram a F1 tiveram esse empurrãozinho, como Stroll, que basicamente comprou a Prema e tinha inúmeros benefícios exclusivos na equipe (alguns até ilegais, como a tal suspensão desenvolvida pela Williams), Nelsinho, cujo pai além de ser um mestre no acerto do carro sempre conseguia achar alguma brecha no regulamento para facilitar a vida de seu filho e até mesmo pilotos talentosos como Norris e Hamilton sempre receberam o melhor equipamento da McLaren no caminho para a Fórmula 1. Mas a questão que fica é: e quem passa despercebido? Mick Schumacher é um bom piloto, não há como negar, mas há muitos outros mais talentosos que ficaram pelo caminho por não ter a mesma sorte de contar com um pai heptacampeão.

   Lembrando mais uma vez que acredito que Mick merece um espaço na F1, como eu disse, acho que ele tem talento, até mais que alguns pilotos que estão atualmente na categoria cujo nomes vocês já sabem, mas o problema é que, assim como Bruno, recebeu muito mais oportunidades que seu talento, e é ai que está o problema.

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