Mexicanos, al grito de guerra - Análise GP de Sakhir

     Depois de 9 anos na Fórmula 1, Checo Pérez enfim conquistou sua primeira vitória na F1. Honestamente, é uma canalhice sem tamanho uma marca que se diz ''séria'' como a Aston Martin mandar um cara como o Sérgio embora somente para manter o filhinho do dono. Deixando isso de lado, não há como negar, foi um GP histórico. É a primeira vez desde o GP do Brasil de 2006 que não vemos o Hamilton no grid (não fez a menor falta), a primeira vez desde a vitória de Maldonado no GP da Espanha de 2012 que um latino-americano vence uma corrida, a primeira vitória da Racing Point e claro, a primeira vez que vemos um brasileiro na F1 desde 2017.

A volta de um latino-americano ao posto mais alto do pódio.


    Russell nem com o melhor carro do grid consegue marcar seu primeiro ponto na F1. Na realidade marcou, porém precisamos ver, provavelmente o britânico será desclassificado por aquele problema na troca de pneus no pit-stop. Foi uma pena, tinha tudo para vencer, liderou a maioria das voltas da corrida, chegou a cair para quinto, retomou as posições e quando estava brigando com Checo pela liderança, teve um problema no pneu. Acho que o mínimo que a Mercedes tinha que fazer depois dessa patacoada seria mantê-lo para a próxima corrida. O Hamilton já é campeão, pra que colocar ele de volta na próxima corrida? Dá mais uma chance pro garoto. Já é uma puta sacanagem o que estão fazendo com o moleque ao deixa-lo mofando na Williams para manter o incompetente do Bottas na equipe que não consegue superar nem o menino que nunca tinha pegado num carro da Mercedes antes, sendo ultrapassado por ele duas vezes durante a corrida. Após cair para a quinta posição - atrás de Bottas - o britânico demorou menos de uma volta para ultrapassá-lo, e pouco depois, passou Stroll. Enquanto isso, o 'finlandês não-voador' ficou preso atrás de Stroll e no fim ainda sofreu com falta de potência. Todo mundo sabe que Bottas é um bundão e só está na Mercedes até hoje porque é o protegido de Wolff desde sua chegada na F1, pela Williams, em 2013, quando este era acionista da equipe e foi peça-chave para fazer com que o time inglês trouxesse o finlandês para o lugar de Bruno Senna e sua grana de Eike Batista. A corrida de hoje mostra o quanto Wolff & cia erram ao manter Bottas no segundo posto da principal equipe do grid.


Depois de dar um banho em Bottas na corrida, Russell mostra que deveria estar na Mercedes faz tempo.


    Ver mais um piloto entrar na lista do pódio é bom demais, e Ocon finalmente conseguir entrar nesse clube é merecido, principalmente porque nos últimos anos chegar no pódio passou a ser uma tarefa extremamente difícil, onde apenas 7 pilotos chegavam no pódio por temporada, das quais 6 eram de Mercedes-Ferrari-Red Bull e mais 1 da F1 B. Só nesse ano foram 11 pilotos do grid, algo incrível. Uma pena que Russell não se tornou o 12°. Mas ainda sim é um número bem baixo se comparado a temporadas como 2008, 2009 e 2012.


Mesmo com apenas 24 anos, Ocon já estava no top-15 de pilotos com mais corridas sem ter pódio na F1, o que mostra o quão inacessível ficou subir um degrau nos últimos anos.


    E os estreantes Pietro e Aitken? Fiquei muito feliz quando soube que Aitken foi o escalado para substituir o Russell na Williams, sempre achei que o anglo-coreano merecia uma chance na F1 por ser um dos melhores pilotos da F2. Já Pietro admito que não acreditava que seria ele o escolhido para substituir o Grosjean depois daquele acidente. Pensei que optariam por alguém como o Hülkenberg ou até mesmo adiantariam a vinda de Mick Schumacher para a equipe, mas sem dúvidas, Pietro merecia essa chance por já estar há dois anos fielmente na equipe como piloto de desenvolvimento. É uma pena que nunca mais veremos Grosjean novamente na F1, sentirei falta de suas reclamações e suas batidas. Pietro até que foi melhor que Aitken, apesar de ter terminado em último na qualificação e na corrida, pois não fez nenhuma besteira ao longo do fim de semana, diferente do piloto da Campos na F2 que causou uma batida que tirou Russell da liderança.


Com um dos piores carros do grid, Pietro pouco pode fazer a bordo do VF-20. Mas fim de semana sem erros já é uma grande feito para o brasileiro.


    Verstappen se envolveu em um incidente logo na largada após ser atrapalhado por Leclerc - que também abandonou - e deu com tudo no soft-wall. Ainda deu piti depois do incidente, mas sinceramente? Essa era exatamente aquela corrida que estava todo mundo cagando para o Verstappen. Com tantas outras coisas mais interessantes para ver, como o desempenho de Russell na Williams, a estreia de Pietro e Aitken na F1 e como seria a primeira corrida sem Hamilton desde 2006, o que Verstappen ou Leclerc fariam dentro da pista se tornou irrelevante.

    O traçado externo de Sakhir - erroneamente chamado de ''oval'' - se mostrou bem divertida, apesar de eu preferir o traçado original. Mas é muito bom ver a F1 variar um pouco, testar coisas novas. E é muito bom poder voltar a ver pilotos de outras equipes podendo brigar por vitórias, afinal, desde o GP da Austrália de 2013, vencido por Kimi Räikkönen de Lotus, não sabíamos o que era um piloto sem ser de Mercedes/Ferrari/Red Bull vencer corrida. Ver AlphaTauri e Racing Point vencendo corridas, McLaren conseguindo ultrapassar uma Mercedes (do Bottas, tudo bem, mas ainda tá valendo) e mais da metade do grid no pódio é muito bom, por mais que o ano também tenha tido momentos muitos chatos com domínios absolutos de Hamilton. Aliás, sabe como fazer um GP de Abu Dhabi legal, dona Mercedes? Adianta as férias para o Hamilton, mesmo se ele testar negativo para COVID nessa semana. Deixa o Russell de novo para essa última corrida. Quem sabe não tenhamos um bom GP de Abu Dhabi.

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