Albon merece nova chance na Alpha Tauri. Mais do que Tsunoda.

     A temporada de Fórmula 1 do ano passado terminou com a triste (pra ele) demissão de Alexander Albon e com a Red Bull contratando um piloto livre no mercado pela primeira vez desde 2006, quando trouxe o grande sociólogo Max Webber para o lugar do tenebroso Christian Klien. Ao pobre tailandês, restou apenas uma vaguinha de consolação como piloto de desenvolvimento da Red Bull. Os bons resultados que Checo Pérez vêm trazendo para a equipe taurina parecem fechar de vez o caixão de Albon no que diz respeito a uma possível volta à F1.


Após o BBB20, Pyong Lee acerta com AlphaTauri.


    Se eu dissesse que a demissão de Albon da Red Bull no ano passado foi injusta eu estaria sendo noção. O tailandês fez um trabalho horroroso no ano passado, é verdade, mas será justo este ficar sem vaga na F1 enquanto temos um Tsunoda na Alpha Tauri? Veremos... Vamos voltando para 2019: Gasly foi promovido para a equipe-mãe da companhia de energéticos após um desempenho bom, mas nada especial na Toro Rosso, substituindo Daniel Ricciardo, que havia acertado com a Renault. O último campeão da GP2 tinha o fraco Brendon Hartley como companheiro de equipe, e superá-lo não seria nenhum desafio relativamente difícil. Seis meses depois de ser promovido foi repentinamente rebaixado de volta para a Toro Rosso, graças a um desempenho patético na Red Bull. 

O que teria ocasionado esse desempenho tão fraco do francês? Acho que nem ele mesmo sabe. Admito que quando saiu o anúncio do rebaixamento de Gasly e da promoção de Albon quase cai da cadeira de tanta felicidade. O francês, além de estar com um desempenho que lhe rendeu o apelido de Pierre Gaslyxo, ainda dava declarações ridículas na imprensa. Logo quando foi anunciado na Red Bull, em 2018, teve a cara de pau de dizer que superar Max Verstappen ''Claramente não era o objetivo'' e que ainda não estava no nível do holandês. É absurdo um piloto de F1 dizer uma merda dessas. Tudo bem o cara ter sido contratado para ser um segundão, até porque o próprio Helmut Marko dizia abertamente que o objetivo deles era fazer Max Verstappen campeão mundial, mas nem outros segundões que já passaram na F1, tais como Bottas, Barrichello e Webber davam declarações dessas. E, honestamente, Gasly ainda teve muita sorte de ter tido uma nova chance na Toro Rosso, porque eu teria deixado sem vaga.

    Trazendo o que eu pensava em 2019 para a atualidade, parece que eu não entendia nada de F1 e só estava falando besteira. Mas na época tinha sentido. Gasly se reconstruiu na equipe-satélite da Red Bull e hoje é um dos melhores pilotos do grid. E o Albon? Mesma história do parágrafo acima. O estilo agressivo dele na pista me agradou muito mais, mas assim como seu antecessor, não conseguiu se adaptar de jeito nenhum ao RB16. Adrian Newey construiu em 2020 e em 2021 carros velozes, porém difíceis de domar, o que gerou reclamações até mesmo de Verstappen e Pérez. No fim, teve um desfecho parecido com o de Gasly, perdeu a vaga, mas manteve o vínculo com a equipe, embora não tenha recebido uma segunda chance como Gasly teve. 


Se Gasly teve, por que Albon não pode ter também?


    Tudo bem que Albon teve um ano e meio para se adaptar a Red Bull, enquanto Gasly teve apenas seis meses. Mas ainda sim, pode dar a volta por cima como Gasly deu na Alpha Tauri. O problema? Yuki Tsunoda. O nipônico faz uma temporada muito abaixo do esperado, sendo constantemente superado pelo seu companheiro e fazendo presença constante no pelotão intermediário-inferior, ao lado de Alfa Romeo e Aston Martin.

    Pra começar, vale considerar que Tsunoda nem merecia toda essa expectativa que foi colocada sobre sua cabeça. Sua temporada na F2 no ano passado foi muito boa, boa mesmo, seu estilo agressivo me agradou mais que outros pilotos que terminaram a sua frente, como Schumacher e Ilott, e a promoção para a categoria principal do automobilismo foi merecida. No entanto, desde a primeira prova do ano, é colocada uma expectativa muito acima do que o novato é capaz, eu diria até que estão superestimando o rapaz. A estreia dele no Bahrein foi amplamente divulgada pela mídia como ''estreia dos sonhos'', quando na realidade não foi bem assim. O nanico de 1,57m conquistou apenas dois pontos (contando ainda com um pouquinho de sorte), o que é um ótimo resultado para alguém que faz sua primeira corrida em uma categoria tão disputada como a F1, mas está muito longe de ser uma verdadeira ''estreia dos sonhos'' como foi a do Magnussen, Nasr, e outros que tiveram boas estreias, mas nunca foram grande coisa.

    Não dá pra colocar expectativa demais sobre Yuki. O japonês pode entregar mais, e vai, já que tem talento para isso, mas não é nenhum potencial futuro campeão mundial. Mas e onde Albon se encaixa nessa história? Simples. Caso o japonês siga sendo presença constante no pelotão inferior e sendo constantemente superado por Gasly até o final do ano, o que custaria dar uma nova chance para Albon? Assim como Gasly, Albon tem talento, e uma nova chance na F1 poderia ser uma boa aposta para o tailandês limpar sua imagem e recuperar suas competências. Gasly teve essa chance, e hoje a Alpha Tauri colhe frutos por isso. Albon também merece, e também tem talento para competir no mesmo nível que o francês.

    E Tsunoda? Bom, ele ainda tem 21 anos, ainda pode esperar mais um pouco. Mas claro, essa hipótese sugerida por mim seria apenas caso o japonês não melhore seu ritmo na segunda metade da temporada...

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