Uma nova Williams?
A Williams - que tinha se colocado à venda em Maio - finalmente anunciou seu novo comprador. É um fundo de investimento novaiorquino até então desconhecido que atua em áreas como saúde e engenharia, mas não encontrei nada sobre automobilismo. Até o momento, a informação que se tem é que a compra foi total, ou seja, a família Williams não é mais a proprietária da empresa em si, mas acredito que Frank e Claire continuarão na gerência da equipe, nem que seja com cargos honorários.
PDVSA salvou Williams da falência em 2010 após prejuízo milionário. |
Desde o anúncio de venda, diversas pessoas tentaram explicar o que levou a crise na Williams, como não ter continuado a parceria com a BMW, ter dispensado Lawrence Stroll, ter trocado de pilotos inúmeras vezes, dispensar Adrian Newey, mas isso é pura balela, isso apenas adiaria a situação. Dá para explicar em apenas uma frase: é impossível manter uma mentalidade garagista atualmente na F1.
Nos últimos anos já tivemos diversos grupos financeiros adquirindo equipes de Fórmula 1, e a maioria deles foi bem picareta e não resolveu muito os problemas financeiros. Vou fazer uma breve lista contando alguns casos:
- Em 2005, um grupo russo chamado Midland comprou a falida e tradicional Jordan e a renomeou para MF1 no ano seguinte, e não durou nem meia temporada.
- Em 2009, a Renault se retirou da F1 após o Cingapuragate e vendeu sua equipe para o Genii Capital, da República Tcheca. A equipe competiu como Renault em 2010 e a partir do ano seguinte como Lotus. Apesar do nome, a fabricante Lotus não era a dona do negócio em si, era apenas a patrocinadora, um nome de fachada (algo semelhante que a Alfa Romeo faz com a Sauber atualmente e que a Aston Martin fará com a Racing Point). Mesmo chegando a conquistar duas vitórias e contando com bons engenheiros, como James Allison - atual diretor técnico da Mercedes - a equipe desde seu primeiro ano sofria para pagar as contas, deu um calote milionário em Räikkönen e em suas últimas corridas na F1 teve seu equipamento apreendido por dívidas trabalhistas.
- Em 2009, com a saída da BMW, um grupo árabe com sede nas Ilhas Virgens Britânicas chamado QADBAK tentou comprar a Sauber, mas depois perceberam que o grupo era meio 171 e devolveram a equipe para Peter Sauber.
- A mesma Sauber em 2015 foi adquirida pelo grupo sueco Longbow Finance SA. Esse grupo por sinal foi o que tentou a qualquer custo fazer do Ericsson o piloto principal da equipe e responsável pela demissão de Monisha Kalteborn em 2017 unicamente porque a executiva não estava favorecendo o sueco na disputa interna com Wehrlein. Não mudou em nada, porque Ericsson continuou levando um cacete de seus companheiros. Tem um post meu onde explico melhor isso. Se não fosse a chegada da Alfa Romeo em 2018 estaria na lama até hoje.
- A nanica HRT também passou por esse processo ao ser adquirida pela Thesan Capital, o que não mudou em nada a situação da equipe, que continuava sendo reprovada nos crash-tests e perdendo a primeira corrida do ano por não ter um carro pronto.
Desses grupos financeiros percebe-se que todos são meio obscuros e nenhum deles salvaram a equipe de fato, na maioria das vezes a situação até piorou e quase todas faliram ou foram revendidas pouco depois. Esperamos que com a Williams não seja o mesmo.
A crise na Williams já vinha se arrastando faz muito tempo. Só em 2008 tiveram um prejuízo de US$ 90 milhões. Em 2010 chegaram ao fundo do poço após perder quase todos os seus patrocinadores em apenas uma temporada: RBS, Lenovo, Phillips, AT&T, Hell, Air Asia, Ridge, Thompson e só não faliu por causa dos petrobolívares de Maldonado, que deu mais alguns anos de respiro para a equipe, depois veio o novo regulamento que a levou pro topo por um tempo, mas a venda seria inevitável.
Com novo regulamento e motores Mercedes, Williams deu um lampejo em 2014-15. Mas durou pouco. |
Agora, só nos resta esperar e torcer para que os novos proprietários sejam competentes e possam trazer a equipe de volta a competitividade. Se será capaz de voltar a brigar por vitórias? Não sei. Torcemos para que sim.
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